As pessoas acreditam que magia e ciência são coisas antagônicas. Não para o Odinismo. Para um pagão, magia e ciência andam lado a lado, de mãos dadas. O neopaganismo nórdico é estruturalmente reconstruído e sem o auxílio da ciência, da história, da arqueologia, etc. não poderia compreender grande parte da religiosidade viking que hoje nos é legada. Os ancestrais nórdicos que usavam da feitiçaria, das artes mágicas, legaram que ciência e magia são tecidas do mesmo material: a fé e a vida. A magia entre os nórdicos, na maioria das vezes, era empírica e algo caseiro, rural. Não havia um sentimento de compreensão acadêmica dos fatos. Entretanto o entendimento existia implicitamente nestas práticas.
As leis da feitiçaria, no hermetismo, são paralelas às leis da física. Estas leis foram legadas na Grécia antiga por Hermes, segundo alguns estudiosos. Na realidade Hermes, parece ter sido um deus indo-europeu universal que ensinou astrologia, alquimia e as muitas práticas mágicas que estão no cerne da Feitiçaria. Sua presença foi marcante desde os nativos americanos (como os ardilosos deuses Corvo, Coiote ou Lebre) até o Egito (Thoth). De seus ensinamentos para a humanidade há tantos séculos atrás nasceram as ciências modernas. Isso em muito se compara ao mito do deus Odin, que regia a morte, a magia, a guerra, os caminhos, as viagens, as caçadas, as runas, o saber, a prudência, o comércio, a poesia, e uma série de outros atributos que o tornam um dos deuses mais complexos da Idade Antiga.
A intenção destes escritos não é impor um conceito estrangeiro dentro dos credos Odinistas. O objetivo é auxiliar o odinista que almeja praticar magia e compreendê-la e a ter um entendimento de seus mecanismos sob outras primas, uma vez que os próprios vikings, ou qualquer outro povo germânico, infelizmente, não nos legaram estes tipos de estudos. De acordo com estudo de analogia tentamos sobrepor às regras herméticas alguns pontos da magia nórdica.
A analogia será feita em cima do “Kyballion”, um antigo manuscrito hermético, voltando-se para nossas intenções obviamente, o paganismo nórdico.
Não me surpreendo que os físicos estejam revendo antigos princípios herméticos, pois qualquer feiticeiro sabe que as relações da terra, do corpo e da alma estão ligadas aos valores científicos. É preciso modernidade, compreensão.
A feitiçaria é um sistema baseado em hipóteses que podem ser testadas sob condições controladas. Os feitiços são experimentos “passo-a-passo” que produzem resultados estatísticos dos quais podemos derivar as nossas taxas de êxito, segundo a autora Laurie Cabot, pagã, de Massachussets. Assim, levamos em conta os ingredientes físicos usados, a data e a hora, as condições metereológicas/asatrológicas, o estado psicológico, espiritual e físico da pessoa, as marés de poder e o acesso a determinadas técnicas de sistemas mágicos afetam o desfecho do experimento e determinam as probabilidades de um sortilégio, uma bastão mágico, um martelo sagrado, uma runa ou um sacrifício funcionar. Isso é feitiçaria.
As leis da feitiçaria, segundo o “Kyballion” são sete. Todas elas formam um sistema mágico que pode ser estudado e praticado a quem estiver disposto a esforçar-se ao aprendizado, seja seguidor de qualquer tradição mágica.
O Odinismo não almeja absorver conceitos alheios àqueles que nos foram legados, mas não é uma religião ignorante de seu meio, e acima de tudo, deseja incessantemente a compreensão dos mundos, o saber universal. Aquilo pela qual Odin tanto se flagelou em Yggdrasil. As leis da feitiçaria são: Mentalismo, Correspondência, Vibração, Polaridade, Ritmo, Gênero e Causa–Efeito.
- Lei do Mentalismo – O universo é mental. Isto quer dizer que todos os mundos, ou universo fenomenal, são simplesmente criações mentais do TODO, e que o universo tem sua existência na mente Deste. Assim, temos que Odin, Wili e Wé pensam para que possamos existir e eles nos concedem vida, e existência: somos um produto da mente deles. O mesmo fazem com os nove mundos. Os Três são o que é chamado de Mente Divina, pois a criação começou com uma idéia da Mente Divina e continua a viver, a mover-se e a ter seu ser na Divina Consciência. Diz-se que quando Odin se ausenta em seu governo, Vili ou Vê descem e governam em seu lugar, em tudo, o que prova que é um ciclo de manutenção como o Sol que nasce, cresce e morre todos os dias, ou as fases da lua, ou o inverno, a primavera e o verão, etc. A física diz que fenômenos do mundo material têm seu esteio numa ordem generativa e formativa chamada inteligência objetiva, ou seja, toda a matéria é consciência em processo de evolução. Nós dizemos que essa consciência em evolução é a mente dos Deuses, é a Mente Divina. E a mente está em constante movimento, em transformação.
A física ainda diz que a substância subatômica básica para existência de qualquer coisa no universo é a informação (a filosofia clássica também diz isso), ou seja, Od, a energia, o êxtase de que tudo é feito. A interação de partículas opostas e complementares no universo forma a criação, e o caos. A partir deste surge a ordem. Estas partículas são Muspel e Nifhel que ao se chocarem formam a unicidade, a existência mínima.
Todo o conhecimento existe na Mente Divina, a qual constantemente flui e reflui em nossas mentes porque nossas mentes individuais não estão separadas da Mente Divina, Os Três, que nos criaram. É claro, não estamos conscientes de “todo o conhecimento” em qualquer momento dado porque seria uma tarefa exorbitante para nós manuseá-lo e processá-lo. Acabaríamos loucos. Os cinco sentidos, o Angit e o Sefa, no nosso Ferth (ver sobre as subdivisões da Hamr, da alma) atuam como um filtro em relação a todas estas informações. Eles bloqueiam uma considerável soma de estimulação diária a fim de impedir que sejamos esmagados por todo conhecimento que nos bombardeiam de minuto a minuto. Sem filtrar muita das imagens vistas, sons, cheiros, até idéias, não seríamos capazes de nos concentrar nas tarefas específicas em mãos. Mas, sob condições corretas, podemos moderar em favor próprio esta filtragem, ou desligá-la por algum momento, e nestes instantes de consciência alterada, atingidos o Od, o conhecimento universal, vivo na Mente Divina, torna-se acessível. Abrimo-nos para a Mente do Todo. Deixamos o conhecimento entrar. E como Odin ensinou a Loki, podemos ser Despertos. Seremos diferentes dos Adormecidos, então.
- Lei da Correspondência – “Como em cima, assim embaixo; como embaixo, assim em cima.”. Esse princípio é importante porque faz-nos lembrar que vivemos em um universo que é composto e compartilhado por mais de um mundo. Nove mundos na nossa tradição. Muspelheimr (Morada do Fogo), Nifhelheimr (Morada da Névoa), Jöttunheimr (Morada dos Gigantes), Mídgard (Terra do Meio), Svartalfrheimr (Morada dos Elfos Negros, ou Nidavelir, a Terra dos Anões), Hel (palácio dos mortos), Ljossálfheimr (Morada dos Elfos Brancos), Aesgard (lar dos Aesir), Vanaheimr (Morada dos Vanir). Vivemos nas coordenadas de espaço-tempo que percebemos no exuberante plano físico, mas também vivemos num domínio sem espaço nem tempo que é independente do universo físico: o Ginnungagap e sua estrutura organizada no macrocosmo que podemos compreender sendo Yggdrasil, o freixo universal, o abismo preenchido e ordenado. A nossa visão microcósmica de Midgard impede-nos de perceber o imenso macrocosmo em nossa volta, prendendo-nos ao microcosmo desta dimensão. Assim dizemos que o que é verdadeiro no macrocosmo, é verdadeiro também no microcosmo e vice-versa. Portanto, podemos extrapolar conhecimento e sabedoria do conhecido para o desconhecido. Podemos aprender as grandes verdades do cosmo observando como elas se manifestam em nossas próprias vidas, ou estudando sobre como os nove mundos funcionam do mais ínfimo grau de ações da natureza, até o mais complexo. Podemos aprender grandes verdades observando simples ações do mundo.
A ciência diz que uma lei semelhante existe e é conhecida como holografia. Um holograma é uma foto criada pela luz que banha um objeto projetado por dois feixes de laser. Quando o filme revelado é iluminado por um terceiro feixe de laser, o objeto original aparece em três dimensões. Por outras palavras, um holograma é criado pela interação de luz. Uma característica peculiar de um holograma é que se ele for fragmentado num número qualquer de peças, por menores que sejam elas, a imagem original não é despedaçada, mas duplicada no número de peças que existir. Cada holograma é menor do que o original, mas não perdeu quaisquer detalhes. Cada parte contém um todo completo, mas menor. É como William Blake escrevia: “Ver o mundo num grão de areia/ E o céu numa flor silvestre./ Conter o infinito na palma de sua mão,/ E a eternidade numa hora.”. Esta lei é a que rege sobre um mago no manuseio de certos instrumentos e ingredientes mais apropriados no processo de produzir magia. Por outras palavras, certas ervas, pedras, lugares, ferramentas, técnicas de magia e procedimentos ativam e catalizam poder por simples correspondências.
- Lei da vibração – Este princípio diz que todas as coisas se movimentam e vibram com seu próprio regime de vibração. Isto é, nada está em repouso. Dos sistemas solares às partículas atômicas, tudo está em constante movimento. As coisas dançam. Matérias e energias não só emite movimentos vibratórios como também, de acordo com cientistas, físicos modernos, são movimentos vibratórios em si. Por isso podem ser calculados os índices eletromagnéticos para estruturas moleculares, incluindo as ondas cerebrais em vários estados de atividade mental. As ondas cerebrais correspondem a vários estados alterados de consciência. Alfa, por exemplo, representa um índice de 14 a 7 ondas por segundo o que ocorre quando sonhamos, meditamos ou realizamos trabalhos em transe, ou seja, quando alcançamos o êxtase, quando atingimos o Od. As ondas betas correspondem a estados de alerta e intensiva atividade cerebral, e as ondas teta ocorrem durante o sono profundo sem sonhos. Cada coisa, cada ser, objeto, espaço, emana um campo de energia vibratório que pode ser captado por nós através de certos “olhos clínicos” submetidos a estados alterados de consciência. Nossos ancestrais sempre acreditaram que tudo pode emitir energia e que as vibrações de objetos e “auras” das pessoas afetam situações. O velho mito hippy de bons e maus fluidos não era simples fantasia. Enviamos mensagens e informações pela energia que irradiamos. No paganismo nórdico aprendemos que os nove mundos estão em movimento, eles são criados e depois destruídos. O Ragnarök deixa isso explícito. A terra que envelheceu, continua a se movimentar entropicamente em direção ao fim para poder se renovar. Os mitos que falam do abandono dos deuses solares e do verão de seus lares, cuja ausência traz inverno e frio, e o seu retorno seguido. A interação dos mundos de fogo e gelo para poder surgir o primeiro ser, etc. Tudo está em constante transformação.
- Lei da Polaridade – A polaridade é a chave do poder no sistema hermético. Tudo é dual; todas as verdades são meias verdades; tudo contém seu oposto em si; os extremos tocam-se e todo o par de opostos pode ser reconciliado. Saber disso é a chave para fazer o universo trabalhar para nós em vez de contra nós. Os opostos são apenas dois extremos de uma mesma coisa, com muitos e variáveis graus entre eles. Odin e Loki não são tão diferentes assim, são irmãos. Frey e Freyja também podem ser vistos, esotericamente falando é claro, como elementos distintos de uma mesma unicidade que está presente em tudo. Muspel e Nifhel. Ródul e Mánni, Bygul e Trégul, etc.
A física moderna chama isso de princípio de complementaridade. Nele, a energia deve ser descrita como partículas e como ondas. Cada descrição é correta. Entretanto, somente parcialmente correta. E ambas são necessárias para uma imagem completa da realidade. Feiticeiros usam-se deste conceito como a manifestação de cargas positivas e negativas, masculinas e femininas em todas as coisas. A união é feito de dois elementos que se complementam, o feminino e o masculino, negativo e positivo, a terra e o céu.
Sabemos que a carga energética em qualquer objeto pode ser alterada. Nada é fixo.Todos os objetos, estados de ânimo e estados mentais têm pólos negativos e positivos, e a magia nada mais é do que a transferência dessa massa energética de um suporte a outro. Estamos trabalhando com as leis da natureza do modo mais intenso e profundo que existe, com o uso da compreensão. Temos o poder de avançar e recuar, converter ódio em amor, o medo em coragem, a dúvida em fé, o que nos habita a impedir que nossas vidas sejam dominadas pelos excessos, faltas, ou extremos. Mas em nem tudo temos controle, a criação e a destruição, a vida e a morte.
- Lei do Ritmo – Sabemos através da física, da biologia, da química, da filosofia e do hermetismo que tudo está em movimento e em constante mudança. Esta lei nos dá uma importante visão sobre como ocorrem estes movimentos. Eles se movem em círculos. É o que nós pagãos chamamos de Dança Espiral. As coisas recuam e avançam, descem e sobem, entram e saem, fluem e refluem, e também giram em círculos e espirais de acordo com estes ritmos. Como ensinam os sábios orientais todos os opostos fluem juntos e interpenetram-se, tudo se convertendo continuamente em seu oposto. Tudo é um ciclo.
O nosso mito da criação nos diz que Odin, Wili e Wé sopraram vida e atributos na mulher e no homem, que insuflaram vida na matéria e assim o ciclo vital começou. Falam também os mitos que numa contração universal os fogos de Muspelheimr e as névoas geladas de Nifhelheimr chocaram-se e desta interação surgiu o primeiro ser, o terrível gigante Ymir, e da contração de Ymir, de seu sentimento de fome e êxtase nasceu Búri. Isso não é mera metáfora, pois os astrofísicos estão hoje falando sobre a expansão e contração do universo. Todo o universo, toda a estrutura de Yggdrasil, dos nove mundos, inspira e expira, lentamente, durante uma eternidade de tempo. Respirar é um processo circular, medido pelo ritmo de inspiração e expiração. A lei do ritmo diz que cada ciclo busca sua plenitude, que a Grande Roda da Vida, embora girando eternamente, está sempre completando um ciclo. A feitiçaria deve treinar para seus praticantes encontrarem seus devidos lugares nesse fluxo e ditar como comandar essa sinergia. É um princípio fundamental da filosofia dos sistemas mágicos pagãos de que a vontade humana pode dominar as forças que nos cercam, mesmo quando trabalhamos com elas. E nós, feiticeiros, pagãos, bruxos, magos, sacerdotes dos deuses antigos, xamãs da própria terra, vivemos intimamente em harmonia com os grandes ritmos naturais e assim continuamos a desejar: as alternações de dia e noite, os padrões atmosféricos em permanente variação, a troca das estações, o ciclo da vida em nascimento-crescimento-decrepitude-morte-renascimento, as ondas das marés de poder do Ano Crescente e Decrescente, as marés, as troca de lua, o ciclo solar, a plantação, a criação, a menstruação, a fertilidade. O ritmo de criação e destruição é não só manifesto na mudança das estações e no nascimento e morte de todas as criaturas vivas, ma também é a própria essência da matéria inorgânica, a própria essência da realidade. Não somos apenas observadores destes ciclos, mas sim participantes íntimos. É o que sugerimos para o bem estar vital de uma sociedade. É estar alinhado com os ritos da Mãe Terra, de Jörd. É vivermos em equilíbrio dinâmico.
- Lei do Gênero – Tudo contém componentes masculinos e femininos. É semelhante ao conceito de “anima” e “animus” do psicanalista Carl Jung. Ele diz que cada pessoa contém aspectos masculinos e femininos, independente de seu gênero físico. Nenhum ser humano é totalmente masculino, ou feminino. Em todas as coisas existe uma energia receptiva ou feminina e uma energia projetiva ou masculina. De acordo com a física, todas as coisas possuem em si seus opostos. Existe uma vitalidade dinâmica entre eles. Portanto, essas energias masculinas e femininas estão numa constante dança cósmica.
É importante para a feitiçaria e quem a pratica magia, ou ainda quem ao menos lida com Od, estados alterados de consciência, compreender essa polaridade fundamental na psique humana e interagir energias masculinas e femininas em seu trabalho, gerando criatividade. A magia é trabalho criativo. Os estudos sobre a criatividade indicam que a androgenia é um componente importante e sobressalente no indivíduo criativo. Uma pessoa que reconhece e aprecia a natureza andrógina de sua personalidade, e pode expressá-la, tem maiores possibilidades de ser criativa do que a pessoa cuja perspectiva é estreitada ou limitada por seu gênero físico.
Nosso próprio mito do “hermafrodita” gigante Ymir (possuía o poder de gerar seres a partir de si mesmo), ou de seu descendente andrógino Buri (da qual podia se dividir para criar outro ser), ou das façanhas de Loki, que jamais se soube ao certo se tinha uma sexualidade definida, apesar de possuir esposa e amantes, e ser dono de tamanha virilidade e força. O próprio Odin que se travestiu durante um ano, para viver com Freyja e assim aprender as artes do Seidr com ela, é exemplo explícito de que para ser criativo, ser compreensor de mistérios universais é necessário equilíbrio, é preciso usar de formas alternativas. Mesmo o machão Thor precisou ser noiva certa vez para resgatar a maior preciosidade dos Aesires, o martelo Mjollnir.
Nestas culturas mesmo os homossexuais eram temidos enquanto feiticeiros (mesmo que marginalizados pelas sociedades), curandeiros, líderes espirituais e dotados de magia, porque representavam em si a divindade masculina e feminina original, podiam atuar na feitiçaria feminina Seidr (algo assustador para um padrão comportamental esperadamente patriarcalista), etc. como acontecia na Sociedade Viking. Na maioria das tribos vikings a prática da homossexualidade era crime, pois desvirtuava as intenções masculinas do homem que deveria estar trabalhando na lavoura, guerreando pela tribo, em expedições ao exterior, etc.
O papel do homem nórdico era bem definido desde criança e crucial para a sustentabilidade da comunidade e sobrevivência do clã, para os padrões de vida medievais do norte da Europa. O homossexual vivia à margem da sociedade viking, e para ele talvez fosse mais fácil se associar a este tipo de conhecimento mágico sob as circunstâncias que passava a viver. Claro que atualmente estas concepções medievais são inaplicáveis e inadmissíveis, pois vivemos em uma sociedade moderna, atual, libertária, da qual não necessitamos sobreviver da lavoura, nem da pesca, nem da pecuária, nem de lutar e guerrear para uma família sobreviver. Pelo menos não no meio urbano, e assim a força braçal masculina se torna perfeitamente dispensável. Na verdade, a igualdade entre os sexos é algo muito estimado pelas pessoas atualmente em termos de direitos humanos. E o odinismo busca incessantemente o equilíbrio de poder entre os sexos, legando respeito à homens e mulheres, independentes de suas etnias, sexo, sexualidade, etc. Aclamar esse equilíbrio é essencial para a magia criativa.
Assim, podemos aprender a respeitar os elementos femininos e masculinos de nossa natureza (o que não implica em homossexualidade, hermafroditismo ou androginia), embora um ou outro possa não operar num nível plenamente consciente. Libertar grilhões que prendem a mente à meros limites físicos do gênero é essencial para o engrandecimento da alma e expansão da mente, rumo ao Despertar.
Exemplo disso no odinismo é o Chifre, que representa o princípio masculino em uma ponta e o feminino na outra, equilibrando estes poderes. Pelo ritual e magia podemos trazer o elemento inconsciente para mais perto da percepção consciente. Para nós, pagãos, feiticeiros, o masculino e feminino tornaram-se guias psíquicos. Podem estar associados ao conceito da Fylgja, que é envolta de uma sexualidade exuberante e bestial.
Todos os atos de geração, regeneração e criação, como sortilégios, feitiços, encantamentos e meditações, envolvem esses dois princípios. Conhecendo como funcionam e seguindo sua orientação, podemos desvendar muitos dos mistérios da vida.
- Lei da Causa e Efeito – Nada acontece por acaso, e todo efeito tem uma causa, e toda causa é em si mesma um efeito de outra causa. Isso é muito mais abrangente do que a primeira vista. Não estamos descrevendo bolas de bilhar ou filas de dominós tombando. Não somos indivíduos isolados levando vidas isoladas. Estamos literal e metaforicamente ligados ao universo inteiro, a todos os seres. As nossas ações têm repercussões físicas e cósmicas. Isto torna-nos tão humildes quanto é profundo o temor reverente que nos inspira o fato de percebermos da influência que possuímos, e também da incrível responsabilidade de usar nossos poderes sabiamente e realizar ações com responsabilidade. Existe uma essência em nossa alma que quando nascemos adere a nossa vida como fato. Este elemento é o Wyrd ou Fjör (destino, para ambas). Fjör é como um fio da vida. É o fio do destino, o que nos liga ao mundo real. Ele é tecido pelas Nornor, as deusas do destino, mudando sempre de direção à medida que se intercala com o Fjör de outros seres, sejam eles homens ou entidades espirituais.
Para um pagão não existe um inferno, tampouco pecado. Para o odinista basta compreender que não se está sozinho no universo, que se está imerso numa teia da vida, interligados com todos os seres direta e indiretamente, e ainda que toda ação individual ou coletiva vá repercutir-se desde o nível do microcosmo até o macrocosmo, e como um ciclo, se completando em nós mesmos.
Princípio Lei. No nórdico antigo temos a palavra Orlog para definir isso, um conceito tão antigo sobre leis de retorno quanto a própria estrutura religiosa. Acredita-se que, no odinismo, o Fjör ao interagir com outros seres, nossas ações sempre geram reações, conseqüências, inexoráveis. A essas conseqüências inevitáveis são dados os nomes de Orlogs, porque “é lei”. Tudo retorna ao seu princípio, seja de forma boa ou ruim. Ou seja, dependendo de suas ações, uma determinada pessoa poderá receber tantos bons, quanto maus orlogs. O conjunto de orlogs que se leva em toda uma vida é chamado de Orthanc, que quer dizer herança, algo que jamais se apaga. Não somente ações a nível material devem ser medidas, mas também projeções mentais podem ser aprendidas e dominadas, para que possamos passar imperceptivelmente pelas barreiras naturais que impedem nossas mentes de perder continuamente o controle do universo inteiro, afinal se cada um pudesse estar na mente do outro o tempo inteiro seria o caos.
Mas não podemos deixar de estar cientes que os poderes de um feiticeiro são controlados pelas esferas de poder e energia acima, abaixo e em torno dele mesmo. Embora o mago possa ser senhor de eventos aqui em Midgard, ele não poderá escapar da intervenção do princípio da causa e efeito, das leis divinas, uma vez que os demais oito mundos se intercalam freqüentemente com o nosso. O Fjör é esse elo num fluxo interminável de poder que impregna o universo.
Todas estas leis permitem uma visão pagã do mundo que é ao mesmo tempo estimulante e reconfortante. As leis mostram o desenvolvimento ordenado da vida. Dentre outras doutrinas, outras leis mágicas poderiam aqui ser abordadas e debatidas, mas não ainda. Talvez pelo aspecto do hermetismo estar tão perto do paganismo, seja mais fácil abordar este prisma da magia.
O Odinismo se abre para a ciência, como uma criança é curiosa para as estórias e contos de fadas. Estes contos estimulam a imaginação da criança, o seu pensar. E assim é feito na tradição antiga. As linhas acadêmicas colaboram com nosso pensamento reconstrutivista, servindo como uma potente mão auxiliar no momento do saber.
Aprendemos assim que mais uma vez nada se cria, nada se perde e tudo se transforma… cada evento não pode criar outro evento do nada… cada evento é uma encruzilhada, um intercâmbio numa teia de tudo o que ocorreu antes e de tudo o que virá depois. Cada um de nós é o “ponto-morto” corrente numa linha de descendências, cujas raízes extensas mergulham no fundo do passado, assim como Yggdrasil está fixada na existência cosmogônica de Ymir e se prolonga por ele e além dele, e que seus ramos se extendem até o mais longínquo futuro e mundos, horizontes impensados.
Somos partes infinitas dos ciclos da vida e do universo. Assim, não possuímos consciência limitada por tempo ou espaço. Todas as coisas estão em nós mentalmente e, através disso, somos naturalmente capazes de conhecer todas as coisas, e romper limites, de Despertar.
Vagner Cruz
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